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Prof. Dr. Robson Maia Franco

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Postado por Microbiologista quarta-feira, 29 de agosto de 2018


Periodicamente tenho intenção de colaborar com a divulgação dos conhecimentos sobre Matrizes Alimentícias (MAs) saudáveis, principalmente de origem animal, sob o aspecto da microbiologia.
O consumo de alimentos, os quais mais modernamente tem-se mencionado como Matrizes Alimentícias (MAs) teve início com a necessidade dos humanos de permanecerem hígidos, terem longevidade e perpetuarem a espécie. Como nômades, os humanos, deixavam os restos de MAs para trás os alimentos que sobravam das refeições, não correndo o risco de consumirem MAs alteradas microbiológica e sensorialmente. Contudo, quando ocorreu a necessidade de se agruparem, as sobras de (MAs) permaneciam no local, em quantidades superiores de quando eram nômades e nas condições propicias para iniciar a deterioração das MAs por ação enzimática tecidual e atividade enzimática microbiana. Esse aspecto vem, até hoje, sendo considerado como a marca inicial para origem e disseminação dos agentes etiológicos de doenças alimentares tem vista a saúde coletiva.
Ao longo dos anos os seres humanos primitivo aprenderam como conservar (MAs) pela desidratação, pela salga, pelo calor, pelo frio e sabe-se ainda que estas “tecnologias” foram de grande importância para aumentar o tempo de conservação das (MAs), citado modernamente como prazo ou validade comercial, objetivando oferecer aos ingestores das diferentes categorias alimentos saudáveis e seguros, e que foi a base para a aplicação das novas tecnologias, teoria dos obstáculos (Teoria dos Obstáculos de Leistner),  microbiologia preditiva, validade ou prazo comercial que serão abordados em futuros encontros.
Sequenciando a história da humanidade, no antigo testamento, constam segundo, Prata, Fukuda, 2001, que os mais antigos registros sobre controle de (MAs) são provenientes dos egípcios, sempre relacionando às práticas religiosas, onde os animais para oferenda eram cuidadosamente inspecionados, devendo ser sadios e sem manchas. A civilização judaica adotou esses preceitos sob a denominação de Leis Mosaicas (Moisés Antigo Testamento), onde nos Livros Levítico 11(4,5,6 e 8) e Deuteronômio 14 (10, 21) consta a classificação dos animais limpos e imundos, estabelecendo-se as regras principais para o consumo. Inclusive há citações, em encontros religiosos, baseadas nos livros acima mencionados que animais apreendidos em atividades de caça não devem ser consumidos.
Em 1952 foi lançado o Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal (RIISPOA, 1952, 2017), onde consta que os animais antes do abate devem ter descanso, em conformidade com a espécie, para reposição do glicogênio muscular perdido durante a caça. Com a ausência do descanso, após o abate, durante o rigor mortis o potencial hidrogeniônico do músculo animal, não atingiria a acidez necessária para inibir a atividade enzimática da microbiota tornando a (MA) não saudável nos aspectos microbiológicos e tecnológicos, e carreadora de microbiota deteriorante e/ou patogênica. Desde modo observa que a obtenção de (MAs) saudáveis era preocupação dos egípcios, sendo a resposta comprovadamente científica e tecnológica, bem mais tarde, encontrada.
O conceito de (MAs) saudáveis tornou-se bem mais amplo, pois há de considerar-se aspectos como: segurança, estabilidade, características (nutricionais, físicas, químicas, bioquímicas, sensorias “cor, forma, tamanho, textura, odor, sabor) para atendimento às diferentes categorias de ingestores. Um importante aspecto observacional que não pode ser esquecido é que o prazo comercial das (MAs)  estará sempre relacionado ao consumo de alimento seguro. O prazo comercial é visto na rotulagem constando de data de produção, validade comercial (pré-estabelecida científica e tecnologicamente) para as (MAs) não sejam veiculadoras de agentes etiológicos de doenças alimentares.
       Até breve no próximo encontro.
       Abraços Fraternais
   Robson Maia Franco – Professor Titular da Disciplina de CMPOA – MTA – UFF –CMV – Mestre/ Doutor em Medicina Veterinária – Higiene Veterinária e Processamento Tecnológico de Produtos de Origem Animal