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Prof. Dr. Robson Maia Franco

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Postado por Microbiologista quarta-feira, 12 de novembro de 2008

PROBIÓTICOS - REVISÃO
Robson Maia Franco; Luiz Antonio Trindade de Oliveira;
José Carlos Albuquerque do Prado Carvalho
Disciplina de Controle Microbiológico de Produtos de Origem Animal
Departamento de Tecnologia dos Alimentos
Faculdade de Veterinária - UFF
1 INTRODUÇÃO
Desde os primórdios a humanidade tem procurado melhorar a sua forma de alimentação, obtendo proteína animal de melhor qualidade, de maior produtividade e por preço acessível às diferentes camadas sociais. Com este intuito surgiu o conceito de alimentos funcionais, não só para o Homem como para os animais. Estes alimentos tendem substituir paulatinamente os alimentos tradicionais, principalmente os promotores de crescimento usados na criação zootécnica, influenciando beneficamente na cadeia alimentar.
Sabe-se que fisiologicamente o crescimento e a resistência orgânica dos animais e humanos dependem do ecossistema digestivo, porém é de conhecimento absoluto que o feto humano ou animal não contém microrganismos, entretanto, após o nascimento as superfícies e mucosas são rapidamente colonizadas por microrganismos, próprios de cada espécie com variabilidade de tempo. No Homem a microbiota semelhante a do adulto se instala no período entre seis e 12 meses. O adulto transporta cerca de 100 trilhões de microrganismos de 300 a 400 espécies diferentes, pesando cerca de 1,2 kg e com atividade metabólica global semelhante à de um fígado. A microbiota normal pode ser considerada um órgão responsável pelo desempenho das funções benéficas aos animais e ao Homem (NICOLI e VIEIRA, 2000).
A instalação da microbiota normal em recém nascidos humanos pode ser interferida por vários fatores, entre os quais: parto normal ou cesariana, isolamento em incubadora, amamentação no seio ou artificial ou quando os adultos, consomem antimicrobianos, mudam drasticamente o alimento e sofrem estresse. Estes fatores provocam atraso na implantação da microbiota, falhas nas suas funções, porém a administração de probióticos e prebióticos podem compensar tais desequilíbrios, tanto em humanos como em animais.
Nos animais, principalmente, nas aves os alimentos funcionais são utilizados para reforçar ou restabelecer a probiose no trato intestinal, conseqüentemente, favorecendo o crescimento e multiplicação de microbiota saudável e equilibrada (LODDI, 2001).
O grande desenvolvimento da avicultura brasileira ocorreu no início da década de 60, associado à utilização de quimioterápicos, em larga escala, na produção de frangos de corte na prevenção de doenças e como promotores de crescimento, em doses subterapêuticas. Na década de 80, pesquisadores e produtores começaram a notar que determinadas cepas bacterianas haviam se tornado resistentes aos antimicrobianos utilizados e que uma parcela considerável da microbiota normal do trato gastrintestinal estava reduzida ou eliminada devido a sua ação não seletiva (FERREIRA e KUSSAKAWO, 1999).
Com o propósito de corrigir os problemas citados, a comunidade científica mundial, começou a estudar a possibilidade de substituição dos antimicrobianos na produção de frangos de corte sem causar danos à microbiota normal e sem deixar resíduos nas carcaças animais, criando um novo conceito de aditivo alimentar, enfatizando o uso de probiótico como alimento funcional.
A importância dos alimentos funcionais em ganhar espaço dia a dia, é corroborada pela composição e atividade da microbiota intestinal normal das aves, do mecanismo de ação dos probióticos, prebióticos e simbióticos, e dos seus benefícios, principalmente, à avicultura. Seu principal objetivo é substituir paulatinamente os tradicionais promotores de crescimento, reduzindo os custos de produção, melhorando a qualidade dos produtos avícolas (ANDREATTI FILHO e SAMPAIO, 1999),e colocando-se em prática a aplicação da inocuidade e segurança alimentar quanto à presença de resíduos de antimicrobianos em produtos avícolas melhorando os índices zooeconômicos.
A pouca diversidade na microbiota intestinal de aves recém nascidas, é considerada fator limitante para a digestão, como favorece a colonização intestinal por patógenos entéricos. Visando reduzir esta possibilidade, ocupa-se os sítios específicos de adesão do trato intestinal por probióticos e estes agem por exclusão competitiva, reduzindo o crescimento, a multiplicação e o efeito de patógenos sobre o hospedeiro.
Loddi, 2001, declara que a história dos probióticos é conhecida há centena de anos, porém, só no início do século passado foi estudada racionalmente e pesquisada com bases científicas. O uso destes organismos surgiu no oriente médio, onde médicos prescreviam iogurtes e outros leites fermentados como terapêutica para afecções do trato gastrintestinal e como estimulante do apetite. A pesquisadora ainda relata que Ilya Metchnikoff (1907), pesquisador do Instituto Pasteur de Paris, foi o primeiro a comunicar a influência dos leites fermentados na saúde humana, quando observou a longevidade dos camponeses búlgaros, atribuindo o fato à dieta básica de leite fermentado. Após isolar o Lactobacillus bulgaricus de amostras de leite, responsabilizou a estes organismos a melhora do ecossistema intestinal, fortalecimento da saúde e aumento da expectativa de vida do ingestor, sendo tal comportamento suposto também por Rettger e Chaplin em 1921, ao referirem-se à implantação do Lactobacillus acidophilus no trato intestinal.
A ação dos microrganismos como promotores de crescimento , foi verificada inicialmente por Lilly e Stillwell, 1965, sendo estes organismos denominados probióticos.
Em avicultura os pioneiros em demonstrar o uso de probióticos foram os pesquisadores finlandeses Nurmi e Rantala em 1973, ao administrar por via oral fezes de aves adultas normais em aves de um dia e estas apresentaram proteção à infecção por Salmonella spp. Este comportamento conceituado como “Exclusão competitiva”, tornou-se conhecido como “conceito de Nurmi” (LODDI, 2001).
Conforme relata Tortuero, 1973, as aves que tiveram implantação de L. acidophilus na microbiota intestinal, através da alimentação, apresentaram melhores índices zootécnicos, melhor conversão alimentar e aumento no ganho de peso, abrindo caminho para as futuras investigações sobre o tema.
Em condições normais, as aves jovens recebem a microbiota principal das mães, e, em galinhas e perus, a transferência do microrganismo é eficaz quando os recém nascidos são criados próximos aos adultos. Porém, os sistemas modernos de produção em massa, desenvolvidos pela indústria avícola, impossibilitam esse contato, originando retardo no desenvolvimento da microbiota intestinal protetora (ANDREATTI FILHO e SAMPAIO, 1999).

1.1 MICROBIOTA INTESTINAL
A microbiota intestinal é a principal microbiota do corpo das diferentes espécies animais, por desempenhar ação de destaque na defesa do organismo contra infecções, porém, em muitas vezes são importantes agentes de infecções endógenas. O aparecimento destes microrganismos nas espécies mamíferas, ocorre após o nascimento pois o útero, em condições normais é estéril, entretanto, o feto contamina-se ao passar pelo canal vaginal ao nascer.
A microbiota intestinal é própria e característica de cada espécie, e os primeiros microrganismos que se colonizam no trato intestinal persistem ao longo da vida do hospedeiro. Esta microbiota tem origem no ambiente contaminado e das bactérias da mãe e para se perpetuar é necessário que encontre no hospedeiro condições propícias como temperatura, pH, nutrientes, potencial de oxi-redução e outras.
Na produção industrial de aves a implantação da microbiota intestinal ocorre de forma diferente que nas aves selváticas, pois naquelas os ovos são selecionados para incubação, eclodem em incubadoras limpas e os filhotes recebem apenas a microbiota presente nas incubadoras, enquanto, que nestas a quantidade de microrganismos benéficos recebida é logo após a eclosão, via bico, papo, excremento das mães, microbiota do ninho e das superfícies. Estes filhotes apresentam-se mais resistentes à possível microbiota contaminante, enquanto que os filhotes produzidos em escala industrial tornam-se mais susceptíveis a todo e qualquer tipo de contaminação por patógenos.
A precocidade em oferecer microrganismos úteis e vivos favorecerá o surgimento de uma microbiota saudável, equilibrada e de importância bioquímica para a fisiologia animal.
Esta microbiota ao estabecer-se no intestino, origina um sistema complexo e dinâmico, com uma população de 1014 microrganismos, contendo em torno de 400 espécies diferentes de bactérias, que influencia decisivamente nos fatores microbiológicos, imunológicos, fisiológicos e bioquímicos, fornecendo ao hospedeiro maior resistência às infecções (TORTUERO, 1973; TANNOCK, 1998; LODDI, 2001).
Ao longo dos anos, inúmeros pesquisadores interessados em estudos relacionados à sanidade avícola, baseando-se nos benefícios que a microbiota cecal pode oferecer, às aves, através de seleção bacteriana, concluiram que na microbiota cecal são encontrados: Bacillus, Bacteroides, Bifidobacterium, Citrobacter, Clostridium, Enterobacter, Enterococcus, Escherichia, Eubacterium, Fusobacterium, Klebsiella, Lactobacillus, Lactococcus, Pediococcus, Peptostreptococcus, Propionibacterium, Ruminococcus, Serratia, Streptococcus, Veillonella, entre outros.
Andreatti Filho e Sampaio, 1999, sugerem que as bactérias podem estabelecer-se no trato intestinal por íntima associação com o epitélio intestinal ou livre na luz intestinal, porém multiplicando-se mais rapidamente do que sua eliminação pelo peristaltismo intestinal, como ocorre com algumas espécies de Lactobacillus e Enterococcus. Porém, outras espécies bacterianas não apresentam capacidade de aderirem-se ao epitélio intestinal, tampouco multiplicarem-se em tempo que compense a eliminação pelo peristaltismo, mas permanecem no intestino agregando-se às outras bactérias que estão aderidas à mucosa entérica.
Quando a microbiota intestinal é desequilibrada por fatores como estresse, uso indevido ou abusivo de antimicrobiano e outro fator que altere a fisiologia e a interação microbiota e hospedeiro, poderá proporcionar a instalação e multiplicação de bactérias indesejáveis, principalmente patógenos, que podem ocasionar infecção intestinal em diferentes níveis.

2 CONCEITOS
Vários conceitos têm surgido para o termo PROBIÓTICOS, porém, invariavelmente, estes são citados como microrganismos vivos que uma vez introduzidos no organismo animal influenciam beneficamente o hospedeiro através da melhoria do balanço microbiano intestinal (ANDREATTI FILHO e SAMPAIO, 1999; NICOLI e VIEIRA, 2000; SHAH, 2000; LOOD, 2001; MAIORKA et al., 2001; SCHWARZ et al., 2002; BROMBERG, 2003; GONZÁLEZ-MARTÍNEZ et al., 2003; LIMA et al., 2003; PEDROSO et al., 2003).
Nem todos os ingredientes alimentares são completamente digeríveis e absorvidos pelo organismo. Determinada microbiota, quando presente no intestino, é capaz de metabolizar esses ingredientes, beneficiando a saúde do consumidor. Com base neste comportamento surgiu o conceito de PREBIÓTICOS onde Gibson e Roberfroide (1995), estabelecem que este termo é usado para aqueles ingredientes não digeríveis que estimulam o crescimento e/ou atividade de um limitado número de microrganismos capazes de proporcionar um ambiente intestinal saudável ao hospedeiro, sendo este pensamento corroborado por: Fuller e Gibson, 1997; Nicoli e Vieira, 2000; Schwarz et al.,2002.
A ecobiologia intestinal exerce papel fundamental em beneficiar o hospedeiro, ao considerar-se que os probióticos ao agirem sobre os prebióticos permitem maior ação bioterapêutica, sendo estes processos denominados SIMBIÓTICOS, incluindo-os na classificação de alimentos funcionais. Andreatti Filho e Sampaio, 1999, relatam que percebe-se claramente a simbiose entre os probióticos e os prebióticos, atuando como beneficiadores das bactérias intestinais. Esta associação de funções traz ao hospedeiro banefícios duplicados, pois ao ter-se a suplementação constante de prebióticos na dieta, sempre ocorrerá o favorecimento ao desenvolvimento de bactérias intestinais com conseqüente benefício ao hospedeiro.
Bromberg, 2003, em seu artigo intitulado probióticos: conceito e aplicações, menciona que atualmente, o potencial de bactérias está sendo investigado como veículo para expressão de vacinas, enzimas ou agentes antimicrobianos em localizações estratégicas no trato gastrintestinal ou outras superficies de mucosas. Enfatiza que outra aplicação destes microrganismos, diz respeito a testes emergentes que sugerem que, enquanto os microrganismos viáveis podem ser essenciais e eficazes para obtenção de efeitos específicos, os ABIÓTICOS, microrganismos probióticos não viáveis ou componentes celulares(como componentes de parede celular) podem ser eficazes em situações específicas. É provável que futuramente, caso seja aceito o uso de ABIÓTICOS, estes poderão contribuir para ampliação do potencial dos probióticos em promoção de saúde.

3 IMPORTÂNCIA PARA A SAÚDE COLETIVA
Os antimicrobianos usados como promotores de crescimento não só podem agir sobre a microbiota saprofítica de importância funcional à sanidade animal e em conseqüência modificar a microbiota intestinal. Até o início dos anos 70 eram considerados de caráter absoluto, em promover melhor desempenho, nos animais de abate, ornamentais e outros.
Entretanto, como relata Loddi, 2001, a década de 70 foi marcada pelo início do uso de um probiótico para fim animal, o Lactobacillus acidophilus. Com isto as autoridades e órgãos de saúde animal internacionais, preocuparam-se com o uso de rações animais contendo antimicrobianos, culminando com a interdição do uso de alguns desses fármacos alegando que a eficácia desses componentes poderia ser diminuída quando utilizados em humanos, se administrados continuamente em animais.
A União Européia, em 1997 proibiu o uso da avoparcina e, em 1998, de bacitracina de zinco, espiramicina, virginiamicina e tilosina. Os produtores europeus atualmente podem recorrer a apenas quatro promotores de crescimento: monensina, salinomicina (agentes anticoccidianos), avilamicina e flavomicina (promotores de crescimento para frangos de corte e outras aves). No Brasil , em 1992, a Portaria nº 159, do Ministério da Agricultura veda o uso de antimicrobianos para ação como aditivos sistêmicos, promotores de crescimento ou conservantes como tetraciclinas, penicilinas, cloranfenicol ou sulfonamidas. O Ofício circular 19/98 de 16.11.98 do Ministério de Agricultura, suspende o uso da avoparcina e a Portaria 448 de 10.09.98 proíbe a fabricação, importação e uso de cloranfenicol, furazolidona e nitrofurazona. Atualmente, os aditivos autorizados como promotores de crescimento de frangos são: ácido-3-nitro, ácido arsanílico, avilamicina, colistina, flavomicina, lincomicina, nitrovin, olaquindose, tilosina, virginiamicina, bacitracina de zinco, espiramicina e enramicina, de acordo com o Ministério da Agricultura.
A retirada dos antimicrobianos da agroindústria tornou-se preocupante para veterinários e pesquisadores em geral, pois a retirada desses fármacos pode provocar perdas econômicas em relação a competitividade internacional e redução do plantel em função de doenças que possam surgir e uso de outros antimicrobianos para solucionar problemas de sanidade.
O uso extensivo de antimicrobianos na agroindústria pode ser impediente na evolução de agronegócios, no mercado nacional e/ou internacional, sendo a exclusão competitiva uma alternativa, desde que comprovadamente útil, aumentando a resistência às infeccções bacterianas, promovendo o crescimento, impedindo o aparecimento de cepas resistentes aos antimicrobianos e ausência de resíduos químicos nas carcaças de animais de abate.
Atualmente, nas novas tendências de produção alimentícia é fundamental que as medidas de segurança alimentar estejam intrinsicamente relacionadas com a inocuidade, segurança e estabilidade dos produtos de origem animal. Os consumidores estão mais exigentes, o que é um desafio para a indústria alimentícia, pois exigem alimentos de alta qualidade microbiológica e livres de resíduos químicos. Para Loddi, 2001 os simbióticos melhoram o rendimento da carcaça e análise sensorial da carne avícola.
Considera-se o confronto, uso de promotores de crescimento( antimicrobianos x simbióticos) de fundamental importância técnico-científica e segurança alimentar , pois os antimicrobianos podem exercer forte pressão seletiva sobre os patógenos e a microbiota saprofítica, principalmente quando usados abusivamente.
Esta atitude pode resultar no aparecimento de resistência que seja na microbiota saprofítica e/ou patogênica, em dependência da codificação de genes para resistência antimicrobiana pela ação de plasmídeos e transposons, colocando em perigo o ingestor de produtos de origem animal pelo rápido desenvolvimento da resistência por mutação.
Barrow et al.,1998, afirmam que em virtude da resistência ser cromossômica e não codificar nenhuma desvantagem específica para a bactéria, ela permanecerá no genoma, teoricamente para sempre, embora, o gene de resistência não seja mediado por plasmídeos, a transmissão é possível através de bacteriófagos.
Por isso há emergência nos testes laboratoriais e nos índices zootécnicos na aplicação e utilização dos simbióticos visando a saúde coletiva, através da cadeia alimentar.
Para Gibson, Roberfroid, 1995, os gêneros bacterianos que compõem a microbiota fecal, exercem ações benéficas e prejudiciais ao hospedeiro. Os efeitos prejudiciais incluem diarréia, infecções, danos hepáticos, carcinogênese e putrefação intestinal. Porém, os efeitos benéficos à saúde do hospedeiro são ocasionados pela inibição do crescimento de patógenos, estímulo às funções do sistema imune, redução na distensão por gases, melhor digestão e absorção de nutrientes essenciais e vitaminas.
Sabe-se que os animais, principalmente, as aves submetidas a estresse (transporte, superpopulação, vacinações e mudanças climáticas) tendem a sofrer desequilíbrio na microbiota intestinal, prejuízos ao sistema imune, baixa produtividade, infecções intestinais com liberação de toxinas; redução de peso, anemias e possibilidade das bactérias oportunistas tornarem-se patogênicas.

4 FUNCIONALIDADE DOS PROBIÓTICOS, PREBIÓTICOS E SIMBIÓTICOS
Sequenciando-se a funcionalidade dos probióticos, é necessário relatar que o Professor Esko Nurmi, 1973 em seus experimentos, hoje denominado “exclusão competitiva” ou “conceito Nurmi”, determinou a inabilidade de uma população microbiana em estabelecer-se no intestino, em razão da presença de outra microbiota, pois esta produz algum metabólito que seja tóxico para a outra população de microrganismos.
Apesar do empenho de pesquisadores em esclarecer os mecanismos de ação dos probióticos, muitos pontos precisam ser esclarecidos com respeito aos aspectos fisiológicos, ecologia ambiental, etologia,, zooeconomia etc.
As pesquisas desenvolvidas a partir da década de 80, sugerem as seguintes funções para os probióticos:
a– Competição por sítios de ligação à ocorre o bloqueio dos sítios de ligação ou receptores, na mucosa entérica pelas bactérias intestinais, reduzindo a área de interação nos cecos pelas bactérias patogênicas. Andreatti Filho e Sampaio, 1999, concluíram que a ocupação física dos sítios intestinais pela microbiota normal, especialmente Lactobacillus spp e Bifidobacterium spp, se colonizam, formando barreira física frente aos patógenos. São necessárias 40 bactérias para recobrir a superfície de uma célula intestinal. As bactérias patogênicas são excluídas por competição. As fímbrias, estrutura de aderência, são compostas por fosfoglicoproteínas que se projetam do corpo bacteriano. Possuem receptores específicos que diferem entre espécies e os diferentes locais ao longo do trato intestinal. Algumas bactérias somente se aderem à superfície superior (glicocálice) dos enterócitos, outras se instalam nas criptas onde são produzidas novas células epiteliais que migram até as vilosidades. A manose pode agir bloqueando as fímbrias, deste modo o uso de mananoligossacarídeos (MOS) pode bloquear a aderência das bactérias patógenas com este tipo fimbrial no trato gastrintestinal.
b– Substâncias antibacterianas à a microbiota intestinal e/ou dos probióticos produzem e liberam bacteriocinas, ácidos orgânicos e peróxido de hidrogênio com ação antibacteriana frente aos patógenos. As bactérias ácido-láticas produzem nisina, diplococcinas, lactocidina, bulgaricina, e reutina que inibem patógenos Gram positivos e Gram negativos. As bacteriocinas mais estudadas, são lactocina F, lactocina 27 e lactocidina, produzidas por diferentes espécies de Lactobacillus, tendo sua ação inibitória sobre as bactérias Gram negativas (Salmonella spp, Escherichia coli, Campylobacter spp), Gram positivas (Staphylococcus spp, Listeria spp), corroborando que as diferentes espécies de Lactobacillus produtoras de bacteriocinas são fundamentais na composição dos probióticos.
Com base nos processos de assimilação de alimentos, os ingredientes alimentares não absorvidos integralmente pelo hospedeiro, denominados prebióticos, são metabolizados pelos probióticos que sintetizam alguns ácidos orgânicos (propiônico, acético, butírico, lático) e peróxido de hidrogênio que agem inibindo o crescimento de patógenos Gram negativos. O efeito antibacteriano dos ácidos graxos tem maior atividade em pH ácido. Podem ainda secretar enzimas como a beta glucuronidase e hidrolases de sais biliares, liberando ácidos biliares com ação anti-bacteriana.
c– Competição por nutrientes à ocorre competição entre as eubactérias intestinais por seus nutrientes específicos e por ser a microbiota intestinal diversificada qualitativa e quantitativamente, pode ocorrer carência nutricional que reduz algumas espécies, embora pensa-se paradoxalmente. A escassez de nutrientes na luz intestinal que possam ser metabolizadas pelas bactérias patogênicas é fator limitante das mesmas no intestino. As bactérias dos probióticos se nutrem de ingredientes que foram parcialmente degradados pelas enzimas digestivas normais ou que foram intencionalmente adicionados à dieta como prebiótico.
d– Imunomodulador à a microbiota intestinal possui antigenicidade que induz o sistema imune do hospedeiro, porém, este mecanismo não está bem elucidado. Tem-se conhecimento que o Lactobacillus e Bifidobacterium aumentam a produção de anticorpos, ativam os macrófagos, estimulam a produção de interferon e proliferação das células T, porém, há necessidade de pesquisas mais aprofundadas para melhores esclarecimentos.
As aves não apresentam linfonodos e fisiologicamente o seu trato intestinal é o órgão responsável pelo aumento da imunidade geral inespecífica. Os órgãos linfóides, espalhados ao longo do trato intestinal, são as placas de Peyer, tonsilas cecais, bolsa de Fabrícius( invaginação da parte final do trato digestivo). Os antígenos presentes no trato digestivo são captados por estes tecidos que estimulam as células beta, precursoras de IgA e células T, colaboradoras das placas de Peyer, para o desenvolvimento de imunidade geral e inespecífica. O estímulo imunológico da mucosa, produz anticorpos tipo IgA que bloqueiam os receptores e reduzem o número de bactérias patogênicas na luz intestinal.
São atribuídas aos probióticos as seguintes ações benéficas: auxilia a digestão e absorção de nutrientes (bioquímica intestinal sobre ação dos sais biliares); produção de nutrientes para células da mucosa intestinal; redução da produção de amoníaco e auxílio na eliminação de aminas biogênicas tóxicas; produção de vitamina do grupo B; melhor absorção de minerais; protegem as vilosidades e as superfícies absortivas contra toxinas irritantes produzidas por patógenos, permitindo a regeneração da mucosa intestinal lesada e restauração da microbiota na antibioticoterapia.
e– Metabolizam rapidamente açúcares, vitaminas, aminoácidos; tornando-os indisponíveis aos patógenos, impedindo-os de se proliferarem.
f– Aumentam a área de absorção do intestino delgado, favorecendo a recuperação e a absorção de cálcio, ferro e síntese de vitamina K e as do grupo B.
g– Alguns benefícios incluem redução da ocorrência das enfermidades infecciosas, enfermidades crônicas intestinais como colite ulcerosa, imunomodulação, biodisponibilidade de nutrientes, enfermidades cardiovasculares, diabetes mellitus não insulinadependente, obesidade, osteoporose e câncer. Estes efeitos podem estar relacionados direta ou indiretamente com a regulação da microbiota intestinal ou da resposta imunológica, com atuação mais especificamente no Homem.
h– As eubactérias benéficas aumentam a atividade enzimática no trato gastrintestinal.
i– Não se podem ainda afirmar que todas as linhagens de probióticos produzem os mesmos efeitos desejáveis à saúde. Além do mais, recomendam que os probióticos apresentem concentração aproximada de 108 ufc/mL (BROMBERG, 2003).
Nicoli e Vieira, 2000, enfatizam que outra maneira de intervir no equilíbrio populacional da microbiota intestinal pode ser feita por PREBIÓTICOS que, conceituado anteriormente, beneficia o trato digestivo. A lactulose e os frutooligossacarídeos são os prebióticos mais estudados e comercializados. O primeiro aumenta a atividade lactofermentativa de populações de Lactobacillus, e os frutooligossacarídeos estimulam o crescimento de Bifidobacterium. Salienta-se que o desenvolvimento dos probióticos veio da descoberta dos fatores bifidus, oligossacarídeos presentes apenas no leite humano que favorecem a multiplicação de Bifidobacterium de recém-nascidos amamentados no seio.
Vegetais como alcachofra, cebola, banana, aspargo e chicória contêm naturalmente componentes com propriedades prebióticas.
Alguns carboidratos, peptídeos, proteínas e lipídeos são inseridos no conceito de prebióticos. Os carboidratos denominados oligossacarídeos (cadeias curtas de polissacarídeos compostos de três a dez açúcares simples ligados entre si, são os enquadrados nesta definição e nas características concernentes aos probióticos). Alguns polissacarídeos, como os frutooligossacarídeos, podem substituir determinados antimicrobianos usados preventivamente, estimulando a produtividade em frangos de corte, conforme citação de Ammerman et al. 1989, pois, algumas espécies de Lactobacillus e Bifidobacterium têm seu crescimento estimulado pelo prebiótico, ao ser usado como fonte de energia pela microbiota intestinal. Também utilizam-se outros carboidratos, como arabinose, galactose e manose para reduzir a colonização de patógenos.
Ziprin et al. 1990, relatam que os tratamentos usados por carboidratos apresentam ação inibitória sobre patógeno e os melhores resultados são obtidos quando as aves são inoculadas com culturas anaeróbias da microbiota cecal, associada com os carboidratos.
Gibson e Robertfroid, 1995 criaram o termo prebióticos com vistas ao uso humano. Na atualidade utiliza-se este termo também para animais. A principal ação dos prebióticos é estimular o crescimento e/ou ativar o metabolismo de grupos bacterianos intestinais. Estes pesquisadores consideram que um prebiótico não pode ser hidrolisado ou absorvido nos segmentos iniciais do trato digestivo, serve de substrato para bactérias benéficas, altera a microbiota intestinal, proporcionando composição mais saudável e induz efeitos benéficos sistêmicos ou na luz intestinal.
Os oligossacarídeos(mananoligossacarídeos “MOS”, frutoligossacarídeos “FOS” e glicoligossacarídeos “GOS” são os nutrientes mais usados e estudados como prebióticos na alimentação animal. São capazes de ligarem-se à fimbria das bactérias e inibir a colonização no trato gastrintestinal. São utilizados como nutrientes bacterianos e alguns autores atribuem aumentos na retenção de alguns minerais e a mineralização óssea à suplementação com prebióticos. Os MOS e os FOS são obtidos da parede celular de levedura, constituída principalmente de proteínas e carboidratos, contendo glicose e manose em proporções semelhantes. Os FOS são polímeros ricos em frutose, podem ser naturais, derivados de plantas ou sintéticos, resultantes da polimerização da frutose (GIBSON e ROBERFROID, 1995).
A combinação de probiótico e prebiótico é denominada de simbiótico e constitui um novo conceito na utilização de aditivos em dietas para aves. Como exemplo, Maiorka et al., 2001 avaliou o efeito da adição da parede celular de Saccharomyces cerevisiae (“PSCS”) como probiótico, do Bacillus subtilis como probiótico na dieta sobre o desempenho de frangos. Estes autores concluiram que a utilização de simbióticos na dieta de frango é uma alternativa viável na avicultura de corte, com base na análise de variância (SAS, 1998), sendo a diferença entre as médias verificada pelo teste de Tukey e recomendam a utilização de 0,2 de “PSCS”, associado ao B. subtilis (300 ppm, 1010 células viáveis por 100 gramas de produto.
O fornecimento de componentes da microbiota intestinal com substâncias prebióticas específicas, em conjunto, podem estimular o desenvolvimento e a atividade desta microbiota, potencializando o efeito dos componentes.

5 MICROBIOTA CLASSIFICADA COMO PROBIÓTICO
A microbiota que constitui os probióticos é constituida por bactérias e leveduras, sendo estas categorias as mais estudadas tanto experimentalmente quanto clinicamente.
Loddi, 2001, ao discorrer sobre a composição e utilização dos probióticos, elucida que estes podem conter bactérias totalmente conhecidas e quantificadas ou culturas bacterianas não definidas. Enterococcus, Bacteroides, Eubacterium e especialmente Lactobacillus e Bifidobacterium estão presentes em todas as misturas de culturas definidas. Quando as bactérias com capacidade probiótica são isoladas do seu habitat convencional e subcultivadas e/ou liofilizadas, algumas de suas propriedades são perdidas. Entretanto, ainda não se conhece, nem a composição total, nem a perfeita combinação entre as que melhor estimulam as propriedades probióticas in vivo. Estas são as razões pelas quais os produtos com culturas não definidas, ou fezes frescas, têm melhor ação probiótica do que as culturas definidas.
Há probióticos com diferentes composições de microrganismos e, mesmo aqueles pertencentes à mesma espécie, podem ter diferentes cepas. A eficácia dos produtos é estritamente dependente da quantidade e características das cepas do microrganismo utilizado na elaboração do produto a ser utilizado como aditivo alimentar. Portanto, é importante que se analise os probióticos como produtos separados, da mesma maneira como é feita com os antimicrobianos.
As espécies animais para as quais existem probióticos comerciais disponíveis são aves, suínos, bovinos, ovinos, eqüinos, cães e gatos. As espécies bacterianas mais comuns usadas no seu preparo são: Lactobacillus bulgaricus, L. acidophilus, L. casei, L. lactis, L. salivarius. L. plantarum, L. reuteri, L. johnsii, Streptococcus thermophilus, Enterococcus faecium, E. faecalis, Bifidobacterium spp, Bacillus subtilis e B. toyoi. É necessário que as bactérias sejam hospedeiro-específicas para que a máxima eficácia do produto seja atingida.
Os probióticos podem ser aplicados de várias formas, como: adicionados às rações; na água de bebida; pulverização sobre os animais; em cápsulas gelatinosas; inoculação em ovos embrionados de aves e na cama usada de aves.
Nicolli e Vieira (2000), relatam que vários ensaios clínicos controlados com placebo foram efetuados usando-se probióticos, tanto para prevenir quanto para tratar infeções intestinais em humanos (adultos e crianças). Cultivos de Saccharomyces boulardii, L. acidophilus, L. casei, Bifidobacterium bifidum, B. longum, S. thermophilus, E. faecium foram utilizados com resultados positivos na prevenção de diarréia associados ao uso de antibiótico, da diarréia infantil e da diarréia do viajante. Resultados positivos foram obtidos também no tratamento de infecção por Clostridium difficile, de diarréias relacionadas à infecção pelo vírus HIV, de diarréia aguda em crianças e adultos, e de diarréias agudas causadas por Vibrio cholerae e E. coli enterotoxigênica.
Para Gonzáles-Martínez (2003), entre as bactérias probióticas mais utilizadas para o consumo humano se encontram as chamadas bactérias ácido-láticas que incluem: Lactobacillus acidophilus, L. plantarum, L. casei, L. casei spp rhamnosus, L. delbrueckii spp bulgaricus, L. fermentum, L. reuteri, Lactococcus lactis spp lactis, Lactococcus lactis spp cremoris, Bifidobacterium bifidum, B. infantis, B. adolecentis, B. longum, B. breve, Enterococcus faecalis, E. faecium entre outros.
As bactérias ácido-láticas habitantes naturais do trato gastrintestinal, agem efetivamente como probiótico, aderindo-se ao epitélio intestinal e colonizando o trato. Outras bactérias como, Bacillus subtilis, B.toyo e Bifidobacterium bifidum são utilizados combinados, isolados ou as vezes associados às leveduras, enzimas e outros agentes com a finalidade de auxiliar as bactérias ácido-láticas na sua colonização (MARUTA, 1993).
Gibson e Roberfroid (1995), cita que as propriedades desejáveis de um bom probiótico são as seguintes: sobreviver às condições adversas do trato gastrintestinal (ação da bile e dos sucos gástrico, pancreático e entérico) e ter condições de permanecer no ecossistema intestinal ; não ser tóxico nem patogênico para o homem e para os animais; ser estável durante a estocagem e permanecer viável por longos períodos, nas condições normais de estocagem; ter capacidade antagônica às patógenas intestinais; promover efeitos comprovadamente benéficos ao hospedeiro.
A “Expert Commission on Animal Feed” estabelece as seguintes normas sequenciais para verificar a eficácia dos probióticos:
1.checagem das suas características genéticas, 2. ensaios laboratoriais in vitro onde o probiótico deve permanecer estável sob diferentes condições por, pelo menos, um ano em condições de estocagem para apresentação comercial, 3. estável por dois meses no alimento comercializado sob a forma peletizada e por três meses quando submetido a 80ºC, 4. a dose mínima, para garantir a eficácia do produto, deve ser de 106 organismos viáveis por grama de alimento e 5. durante períodos experimentais é indicada a contagem de organismos viáveis na ração, no lúmen intestinal (no mínimo no íleo, no ceco e no cólon), e no trato gastrintestinal após a administração do probiótico.
Bromberg (2003), é categórico em afirmar que os microrganismos probióticos atualmente utilizados não são exclusivamente constituídos por bactérias láticas, como lactobacilos ou bifidobactérias. Bactérias tais quais Bacillus cereus, Escherichia coli, Clostridium butyricum e leveduras como Saccharomyces boulardii, são exemplos de outros microrganismos com potencial probiótico. No passado, ocorriam questionamentos quanto a capacidade destes microrganismos permanecerem viáveis durante o trânsito gastrintestinal. Atualmente, é possível monitorar-se a cinética da passagem do microrganismo através do trato gastrintestinal, utilizando-se desde tecnologias microbiológicas clássicas, técnica de ELISA, assim como outras mais sofisticadas baseadas no DNA, tais como PCR.

6 MECANISMO DE AÇÃO DOS PROBIÓTICOS
Os probióticos atuam como moduladores do ecossistema digestivo desempenhando funções benéficas aos animais e ao homem, tais como: proteção ecológica (inibindo os patógenos), imunomodulação (sistema imune ativo às agressões infecciosas à os probióticos atuam como antígenos potencializando resposta imunológica no hospedeiro e segundo Fox, 1988, os patógenos são expelidos pelos receptores encontrados nas células epiteliais), contribuição fisio-nutricional (regula a fisologia digestiva, fornece vitaminas e fontes energéticas).
Uma boa forma de atuação dos probióticos para fornecer o estado salutar de um indivíduo é através da resistência autorgante contra a invasão de patógenos, pela produção de substâncias antimicrobianas como ácido lático e outros ácidos de cadeia curta, metabólitos como peróxido de hidrogênio, diaceatila e bacteriocinas, competição, depleção, depleção de nutrientes, alteração do potencial de oxi-redução.
Sabe-se que o peróxido de hidrogênio é produzido pelas bactérias láticas, Lactococcus, Leuconostoc e Pediococcus, em culturas laboratoriais. O Lactococcus produz peróxido de hidrogênio para sua auto-inibição. O acúmulo de peróxido de hidrogênio pelo crescimento do Lactobacillus “in vitro” é suficiente para determinar sua auto-inibição. Este acúmulo de peróxido de hidrogênio no meio pode ocorrer porque os Lactobacillus não possuem a enzima catalase (KANDLER, WEISS, 1986). O peróxido de hidrogênio produzido pelo L. acidophilus é causa da inibição de S.aureus, E. coli, S. typhimurium e Cl. perfringens (GILLILAND, SPECK, 1977). Lactococcus delbrueckii ssp bulgaricus produz peróxido de hidrogênio suficiente para inibir microrganismos psicrotróficos. Entretanto, a concentração de peróxido de hidrogênio produzido pelos “starters” pode não ser suficiente para afetar diretamente as células nos produtos. O peróxido de hidrogênio pode reagir com outros componentes para formar substâncias inibidoras (ABDEL-BAR, HARRIS, 1984).

7 BACTERIOCINAS
Pelczar et al., 1997, utilizou o termo fator bacteriogênico como sinônimo de bacteriocina e o conceitua como sendo um plasmídio presente em algumas bactérias; determina a produção de bacteriocinas, que são proteínas que matam a mesma espécie de bactéria ou espécies intimamente relacionadas.
As bactérias ácido-láticas além de proporcionarem sabor e textura, incrementam o valor nutricional dos alimentos e vêm sendo usadas há décadas na indústria alimentícia como bioconservadores devido a produção de bacteriocinas e outras substâncias que exercem ação antibacteriana que contribuem na prevenção de decomposição dos alimentos (CAMPOS, 2002).
A atividade antimicrobiana das bacteriocinas representa um grande potencial para a indústria alimentícia uma vez que podem ser utilizadas como conservadores biológicos puros que num dado momento poderão substituir os conservantes químicos, por possuírem a vantagem de ser proteínas que ao biodegradarem-se não formam compostos secundários (GONZÁLEZ-MARTÍNEZ et al., 2003).
Numerosas bacteriocinas são produzidas por bactérias ácido–láticas e cada uma apresenta espectros particulares de inibição que são aproveitados pelas indústrias alimentícias sob diversas formas. Algumas bacteriocinas são utilizadas em processos que requerem a inibição do crescimento de bactérias indesejáveis específicas, estreitamente relacionadas ao produto das bacteriocinas, e em casos para inibir o crescimento de microrganismos deterioradores ou de patógenos como Staphylococcus e Listeria.

7.1 CLASSIFICAÇÃO DAS BACTERIOCINAS
As bacteriocinas são classificadas de acordo com suas características bioquímicas e genéticas. Com base nestas características, Ness, 1996, propõe a seguinte classificação.
Classe I – Antibióticos – são peptídeos pequenos ativos em nível de membrana que contém alguns aminoácidos pouco comuns como lantionina, b-metil-lantionina e dihidroalanina, formados devido a modificações posteriores ao processo de tradução. A formação de aminoácidos não comuns é explicada pela desidratação de serina e metionina, com posterior adição dos átomos de enxofre da cisteína às duplas ligações dos dehidroaminoácidos. Como exemplo cita-se a nisina.
Classe II – Não Antibióticos – são bactérias de peso molecular variável, contendo aminoácidos regulares. Neste grupo estão incluídos três subclasses:
Classe IIa – são peptídeos ativos contra Listeria, têm a seqüência consenso na região N-terminal TGNGVXC e seus representantes característicos são a pediocina PA-1 e a sakacina P.
Classe IIb – são formados por complexos de cadeia dupla que consistem de dois peptídeos diferentes. Ambos peptídeos são necessários para melhor atividade antimicrobiana. Neste grupo se encontram a lactococcina G e as plantaricinas EF e JK.
Classe IIc – são peptídeos pequenos, termoestáveis, não modificados e se transportam mediante peptídeos principais. Nesta subclasse incluem-se a divergicina A e acidocina B.
Classe III – são peptídeos grandes, maiores de 30 kDa ( 1 Da = 1,67 x 10 –24 grama), nesta classe se encontram as helveticinas J e V, acidofilicina A, lactacinas A e B.
7.2 MODO DE AÇÃO
Chikindas et al., 1993; Monteville, Chen, 1998, discorrem que o modo de ação das bacteriocinas é complexo. A nisina na classe I e a pediocina como representante da classe II, são os mais estudos e compartilham algumas características em comum. Em geral, atuam destruindo a integridade da membrana citoplasmática através da formação de poros, o que provoca a saída de compostos pequenos ou altera a força motriz dos prótons necessária para a produção de energia e síntese de proteínas e ácido nucleicos.
É possível que as classes I e II das bacteriocinas tenham comportamentos semelhantes. Ao que parece os peptídeos se unem à membrana citoplasmática através de uniões eletrostáticas com os fosfolipídeos carregados negativamente, logo se inserem à membrana com uma reorientação que depende do potencial de membrana, o qual é influenciado pelo pH e a composição fosfolipídica. Os monômeros de bacteriocina formam agregados proteicos que resultam na formação do poro com a conseqüente saída de íons (principalmente potássio e magnésio), perdendo a Força Motriz de Prótons (FMP), saída de ATP e aminoácidos. A força motriz de prótons desempenha o papel central na síntese de ATP, no transporte ativo e no movimento bacteriano, portanto, inibe a síntese de macromolèculas e a produção de energia dando como resultado a morte celular (GONZÁLEZ, MARTÍNEZ et al., 2003).
Ainda que seja comum a formação de poros e a dissipação da força motriz dos prótons no modo de ação das bacteriocinas, existem algumas particularidades em cada classe. As da classe I, a nisina não necessita de um receptor unido à membrana da célula alvo, pois reconhece a composição fosfolipídica da célula (ABEE, et al.,1994). Entretanto, para a ação da lactococina A e lactoestrepcina requer a união aos receptores membranosos (KOK et al., 1993).
Para as bacteriocinas da classe IIa sugere-se que a região consenso aminoterminal tem papel importante na capacidade de reconhecimento da membrana celular em teste (BRUNO, MONTVILLE, 1993). Nas da classe IIb, as plantaricinas EF e JK dependem da ação dos peptídeos a e b para a formação de poros e consequente dissipação do potencial de membrana. Na classe III, que são bacteriocinas de alto peso molecular, o mecanismo de ação ainda é desconhecido.
Em geral, é provável que as estruturas secundárias dos peptídeos ativos tenham papel importante na atividade biológica porque as alfa hélices e lâminas beta pregueadas são anfifílicas, o que sugere uma oligomerização dos monômeros nas membranas de acordo com o mecanismo de formação de poros denominados “barrel-stave” com os lados hidrofóbicos direcionados para a parte lipídica da membrana e os hidrofílicos formando o poro do canal.
Relaciona-se a seguir as bacteriocinas usadas rotineiramente, sua classe e microrganismo produtor.


Bacteriocina Classe Microrganismo produtor
Nisina I Lactococcus lactis susp. lactis
Pediciocina PA-1 II a Pediococcus acidilactici e
Lactobacillus plantarum WHE 92
Pediocina JD II a Pediococcus acidilactici JD 1-23
Sakacina A II a Lactobacillus sake 706
Sakacina P II a Lactobacillus sake LTH 673
Curvacina A II a Lactobacillus curvatus LTH 1174
Mesentericina y 105 II a Leuconostoc mesenteroides
Plantaricina E/F II b Lactobacillus plantarum C11
Lactococcina A II b Lactococcus lactis subsp. cremoris
Lactococcina B II b Lactococcus lactis subsp. cremoris SB4
Lactacina F II b Lactobacillus johnsonii
Divergicina II c Caernobacterium divergens LV12
Helveticina III Lactobacillus helveticus

7.2 Síntese de bacteriocinas representativas
NISINA – descrita em 1928, primeira a ser isolada de bactéria ácido-lática, melhor caracterizada e utilizada com o conservador de alimentos. Única reconhecida pela FDA na categoria GRAS (Generally Recognized As Safe). É produzida de forma natural em alguns produtos lácteos, prevenindo a decomposição por bactérias Gram positivas (Clostridium, Staphylococcus, Bacillus e Listeria) (GONZÁLES-MARTÍNE et al., 2003). É um peptídeo de 34 aminoácidos, de baixo peso molecular menor que 5 kDa. Sua síntese é complexa, requerendo processos de transcrição, tradução, modificações post – traducionais, secreção, processamento e sinais de transducção. As variantes nisina A e nisina Z se diferem somente no aminoácido da posição 27, a histidina na nisina A é substituída pela asparagina na nisina Z. Na síntese da nisina participa um grupo de gene ordenados como nis ABTCIP, nis RK e nis FEG que regulam a expressão do gen estrutural nis A. O precursor inativo nis A foi modificado quimicamente pelos produtos de nis B e nis C que desidratam os resíduos de treonina e serina formando as ligações tioéter características dos antimicrobianos. Uma vez modificado o precursor é transportado, processado e secretado. Para proteger a célula produtora existem as proteínas Nisl e Nis FEG que conferem a imunidade (ABEE et al., 1994; LI, O’SULLIVAN, 2002).
PEDIOCINA – usada como conservador em produtos vegetais e cárneos, tem-se observado elevada atividade contra espécies de Listeria (YOUSEF et al.,1991). É sintetizada como um pré-peptídeo de 62 aminoácidos que sendo processado resulta num peptídeo maduro de 44 resíduos, anfifílico, com carga positiva e regiões altamente hidrofóbicas e com duas ligações de dissulfeto (MONTVILLE, CHEN , 1996). A estrutura terciária da pediocina PA-1 já foi determinada, no extremo N-terminal contém três lâminas beta que originam uma conformação de forquilha, porém na extremidade C- terminal apresenta alto grau de liberdade conformacional com exceção da ligação dissulfeto entre os aminoácidos 24 e 44, que é essencial para sua atividade (GONZALEZ-MARTINEZ et al.,2003). Para sua síntese tem-se descrito a participação de um grupo de genes. O gen ped A é o gen estrutural, o gen ped B determina a imunidade e os genes ped C e ped D participam na secreção do peptídeo maduro (VENEMA et al., 1995). Pela sua alta atividade contra espécies de Listeria esta bacteriocina tem grande potencial para ser utilizada como conservadora em produtos lácteos (GONZÁLEZ-MARTÍNEZ et al., 2003).
HELVETICINA J – é produzida pelo Lactobacillus helveticus, microrganismo encontrado naturalmente em queijos maturados. Apresenta atividade antibacteriana contra espécies relacionadas. É uma proteína de 37 kDa termolábil (30 minutos a 100ºC) e o gen que a produz se localiza no DNA cromossomial (JOERGER, KLAENHEMMER, 1986; JOERGER, KLAENHEMER, 1990). Pouco se conhece sobre as características bioquímicas desta bacteriocina e seu modo de ação (GONZÁLEZ-MARTÍNEZ et al.,2003)
PLANTARICINAS E/F e J/K – pertencem ao grupo II b, tem atividade antimicrobiana quando interagem com um sistema de dois peptídeos (ANDERSON et al., 1998). A sua síntese é extremamente complexa, é regulada pela ação de cinco operons com 21 genes diferentes. Os peptídeos ativos para a formação de poros na membrana citoplasmática das células alvo são PlnE e PlnF que constituem a plantaricina E/F e os peptídeos PlnJ e PlnK integrantes da plantaricina J/K. É sabido que esses quatro peptídeos possuem de 25 a 34 aminoácidos e tem atividade bactericida de modo independente, se potencializam quando interagem em pares formando os complexos de porosidade E/F e J/K. Os poros formados apresentam diferente seletividade iônica, pois a plantaricina E/F permite a passagem de cations monovalentes em contraste com a plantaricina J/K que é seletiva para compostos aniônicos(MOLL et al., 1999). Esta atividade complementar combinada de E/F e J/K garante uma eficiente atividade bactericida (GONZÁLEZ-MARTÍNEZ,2003).
DIVERGICINA A – se caracteriza por possuir um sistema de secreção que envolve a presença de um peptídeo marcado (WOROBO et al., 1995). O gen estrutural dvn A codifica para um prepeptídeo de 75 aminoácidos que tem uma região N-terminal de 29 aminoácidos e um peptídeo maduro com 46 aminoácidos. Com um peso molecular de 4,6 kDa, a divergicina A é um peptídeo pequeno de natureza hidrofóbica e termoestável. A diferença das bacteriocinas da classe II que tem um sítio de rompimento característico Gli-Gli, esta bacteriocina possui em seu extremo N-terminal um sítio de rompimento Ala-Ser-Ala e atua como um peptídeo marcado para o uso do sistema de secreção da célula. Cabe destacar que ao gerar-se o peptídeo marcado a partir do mesmo gen estrutural, resultado da desnecessária presença de gens que produzam proteínas necessárias para o processamento e secreção da bacteriocina madura (GONZÁLEZ-MARTÍNEZ et al., 2003).

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A atividade antimicrobiana e o comportamento das cepas bacterianas frente a estes têm tornado de fácil entendimento os problemas referentes às cepas resistentes relacionadas como novos e velhos animais, e velhos e novos patógenos, com a emergência sanitária internacional, pois há sinais de problemas evidentes nesta e nas próximas décadas. O mundo científico, atualmente, considera que os problemas podem ser denominados como novas zoonoses. Este problema não é passageiro e dependente dos cientistas, ministérios e órgãos envolvidos em vigilância sanitária e epidemiológica, pois o contexto não é causal e sim amplo e emergente.
Pensando-se com maior abrangência e tendo em vista a escala filogenética, todos os envolvidos na cadeia alimentar torna-se um grande problema nesta esfera e toda a sociedade obrigatoriamente deve estar envolvida na solução dos problemas sanitários, para tal a criação de comitês de gestão em segurança nos elos da cadeia alimentar, a rastreabilidade (monitorar, analisar, planejar e agir) aliadas às Boas Práticas de Fabricação, às Análises de Perigo e Pontos Críticos de Controle; a priorização das verdades científicas e as coerências de ações em todos setores da sociedade são primordiais.
O assunto abordado neste artigo é deslumbrante e a cada dia através da biologia molecular novos caminhos e temas obscuros têm sido esclarecidos, entretanto, há necessidade de apoio financeiro às Universidades e aos pesquisadores, através dos órgãos de fomento, para colocar este setor da biotecnologia como tecnologia de ponta aqui no Brasil.
A utilização das bactérias láticas ocorre desde a antigüidade, entretanto, somente no século passado os conhecimentos técnico-científicos foram surgindo, pois cada vez mais o Homem vem se preocupando com a qualidade de substratos usados na cadeia alimentar.
Atualmente os consumidores exigem segurança alimentar e que os alimentos tenham excelente valor nutritivo para manter a higidez orgânica, sejam isentos de resíduos químicos e que exerçam funções específicas.
Estas características são encontradas e estão sendo aplicadas nos chamados alimentos funcionais que a cada dia são usados como estratégia no emprego de combate às infecções, no aumento da atividade imuno-moduladora, na absorção de alimentos, na síntese de vitaminas.
Na Medicina Veterinária os alimentos funcionais vêm sendo usados nas diferentes espécies animais, desde animais de companhia, aves ornamentais e animais de abate b(aves, suínos) com objetivos de melhorar os índices zooeconômicos (ganho de peso, conversão alimentar) e redução da ocorrência de patógenos favorecendo o agro-negócio.
Nos alimentos funcionais se enquadram os probióticos, os prebióticos e mais modernamente os simbióticos, cujos efeitos benéficos, conceitos, classificação foram relatados no corpo do artigo, entretanto, objetivou-se colocar mais uma vez este assunto em discussão no meio científico, para que sejam cada vez mais desvendados e esclarecidos os comportamentos bioquímicos e genéticos e então estes alimentos sejam aproveitados ao máximo pelo Homem e pelos animais.
Na Revista Nacional da Carne, 2004, o artigo sob o título: “Proibição Prevista pela União Européia gera debate acerca dos antibióticos”, relata que a partir de janeiro de 2006, os países da União Européia não aceitarão mais produtos de origem animal, como carne de frangos, cujos animais tenham recebido antibióticos promotores de crescimento em sua alimentação. A decisão atinge em cheio as indústrias avícolas brasileiras que, em 2003, exportaram 285 mil toneladas de carne de frangos para a União Européia. Esse tema foi debatido por Elinor McCartney, profissional com mais de 20 anos de experiência em desenvolvimento e regulamentação de produtos na Europa, em abril último, a convite da Alltech, empresa de soluções naturais em nutrição animal. Esta apresentou “ Exigências Internacionais para a Importação de Carne de Frangos e Banimento dos Promotores de Crescimento”. Esta é uma excelente oportunidade para o aprofundamento de pesquisa para uso e atualização dos simbióticos = probióticos + prebióticos na avicultura brasileira.

9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA

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