Você é o visitante n°

Prof. Dr. Robson Maia Franco

Prof. Dr. Robson Maia Franco

Seguidores

Comentário

Postado por Microbiologista quarta-feira, 12 de novembro de 2008

COMENTÁRIO

A necessidade da educação continuada em segurança e inocuidade de alimentos
Robson Maia Franco

O aprimoramento técnico-científico e a praticidade da microbiologia de alimentos não devem oferecer aos futuros profissionais somente a base para o conhecimento acadêmico, porém, o aspecto principal a ser considerado, são as atuais revoluções tecnológicas e as transformações mercadológicas, com o atendimento às necessidades profissionais. Desta forma os conhecimentos devem conduzir à prática e solução de problemas que responderão à real demanda social e de trabalho para a solução dos problemas relacionados à segurança e à inocuidade alimentar.
Na análise alimentícia para o controle de qualidade microbiológica, apenas a detecção, isolamento e identificação dos microrganismos, em pouco, ou quase nada adiantará para a indústria alimentícia, consumidores, atacadistas; em fim, para qualquer segmento da sociedade que faça uso direto ou indiretamente do alimento para consumo, comercialização ou atividades afins.
A função principal é conhecer as normas, os métodos e/ou as tecnologias que devem ser aplicados para minimizar ou impedir a presença dos microrganismos nos alimentos.
A invasão biológica de microbiota indesejável em alimentos pode determinar perdas econômicas, desperdícios de alimentos e servir como veículo de enfermidades transmissíveis por alimentos às diferentes categorias de ingestores.
Atualmente, sabe-se que inúmeros agentes etiológicos de enfermidades transmissíveis podem determinar quadros nosológicos crônicos ou doenças de longa duração tais como artrite reumatóide, doenças coronarianas, síndrome de Guillian Barret; falha renal com necessidade emergencial de diálise ou transplante de rins, cérebro e pâncreas afetados quando o paciente é acometido por síndrome urêmico hemolítica, destruição dos eritrócitos, hemorragia cerebral, sangramento descontrolado, formação de coágulos nos vasos sanguíneos, complicações causadas pelas toxinas levando a epilepsia, cegueira, paralisia e ataque cardíaco, tornando emergente a reciclagem de conhecimentos pelos analistas e técnicos em alimentos para que exerçam com ética e deontologia a principal função em introduzir no mercado consumidor, desde matéria-prima ao produto servido à mesa, alimento salubre e inócuo.
A salubridade não deve ser vista apenas no prisma referencial da presença qualitativa ou quantitativa de microrganismos patógenos ou deterioradores .
Os resíduos de defensivos agrícolas, hormônios, vermífugos e principalmente antimicrobianos são os grandes entraves ao agronegócio alimentício em níveis nacional e internacional.
Levando-se em consideração a presença, nos alimentos, de microbiota resistente aos antimicrobianos, a preocupação é emergencial ao saber-se que a mutação microbiana ocorre de forma induzida ou espontânea a todo momento.
Em conseqüência, ao ingerir alimentos, cuja microbiota patógena ou não, seja resistente aos antimicrobianos de uso humano, e se os organismos que a compõem atravessarem ilesos pela acidez estomacal, podem atingir o intestino e então transmitir à microbiota saprofítica presente a resistência aos fármacos citados.
A descoberta do DNA como depositário da informação genética, as suas propriedades, o seu modelo de replicação semi-conservativa, o seu mecanismo de replicação, a sua transcrição e as suas possibilidades de mutação ou mudança da seqüência das bases púricas e/ou pirimidínicas por conjugação bacteriana ou atividades dos transposons, fez da biologia molecular a ferramenta principal de aplicação médica e biológica, sendo considerada como ícone na elucidação de pontos até então nebulosos para a segurança e inocuidade alimentícia.
As cepas originárias dos alimentos, principalmente, as dos produtos de origem animal que apresentem susceptibilidade antimicrobiana, podem ser consideradas novos e velhos animais ou novos e velhos patógenos. Esta é uma emergência sanitária internacional com sinais de problemas evidentes nas próximas décadas, não sendo causal nem passageiro. Considera-se como sendo nova zoonose no contexto da vigilância sanitária.
Entre as bactérias Gram positivas de importância neste aspecto, citam-se os Enterococcus vancomicina resistente, principalmente, Enterococcus gallinarum, E. feacalis, de ocorrência em produtos de origem animal.
Os Enterococcus spp. vêm apresentando multirresistência à ampicilina, gentamicina.
As enterobactérias (Bastonetes Gram Negativos) produtores de betalactamase de espectro ampliado (“Extended Spectrum Beta Lactamase” = “ESBL”), produzem enzimas que catalizam a hidrólise do anel beta lactâmico, originando o ácido penicilinóico que não possui atividade antibacteriana.
A produção enzimática é mediada por DNA cromossômico e extracromossômico (plasmídios e transposons), localizados nos genes bla = beta lactamases e amp c = plasmidiais que transferem por conjugação.
Outro microrganismo isolado de produtos de origem animal cuja prevalência vem aumentando é o Staphylococcus aureus resistente a meticilina (“MRSA”) e vancomicina resistente (“VRE”). Entretanto, este problema torna-se mais agravante ao considerar-se que no tratamento das infecções causadas por estes microrganismos usa-se a vancomicina, porém, os genes de resistência de Enterococcus vancomicina resistente podem ser transferidos para o S. aureus, sendo esta resistência alvo de prejuízos econômicos e sofrimento humano e animal.
Incrimina-se a pecuária, pela má utilização de antimicrobianos, como a vilã da resistência a estes fármacos. Contudo, o tratamento clínico de infecções humanas, onde a terapia empírica é aplicada errôneamente, sem precocidade e inadequada, a escolha pós-cultural é falha, erro na posologia e tempo de uso, tem colaborado, em nível hospitalar para a ampla disseminação da susceptibilidade aos antimicrobianos.
Os médicos veterinários e médicos humanos devem ter a consciência que não se deve errar no uso do antimicrobiano empírico, sempre usar antimicrobiano de amplo espectro para errar menos, enquanto não se sabe qual bactéria causa a infecção, pois geralmente a infecção pode ser polibacteriana.
É necessário que a comunidade científica, pesquisadores, instituições e professores estejam atentos à evolução científica e tecnológica na produção de produtos de origem animal para que esta área de conhecimento seja importante e benéfica a todos os setores da sociedade.
O tempo urge, o conhecimento e a ciência são dinâmicos, porém há necessidade de acompanhá-los, porque os microrganismos usam a genética como mais um desafio ao conhecimento humano.
Os cinco anos do novo século, vêm marcando as relevantes evoluções tecnológicas e científicas seguidas das transformações mercadológicas. Logo, o grande desafio é a formação de recursos humanos qualificados e capazes de desempenhar tarefas intimamente relacionadas às necessidades de mercado.
Em síntese, devemos ter sempre em mente como relata Pierre Furter: “ O domínio de uma profissão não exclui o seu aperfeiçoamento. Ao contrário, será mestre quem continuar aprendendo”

1 Responses to Comentário

  1. Olá Professor Robinho!!!!! Está ficando show o seu blog heim.... Não esqueça de colocar como citar este artigo (no final de cada texto de sua autoria). Bjs e felicidades!!!!!!